Após uma grande caminhada (na quinta-feira) alusiva a 18 de maio, foi promovido, na sexta-feira (dia 19), o Seminário Municipal de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento aconteceu no CAP e os palestrantes abordaram diferentes aspectos da mesma questão.
Adriana Bueno Molina, secretária de Promoção Social, abriu o evento falando sobre a grande movimentação que acontecera no dia anterior, lembrando o Dia 18 de Maio: “fiquei feliz em ver a criançada mobilizada com as secretarias e as entidades sociais. Isto também me fez pensar sobre a responsabilidade dos nossos gestores em relação às nossas crianças”.
Mariana de Oliveira Leite, presidente do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) classificou a caminhada como um sucesso e falou ainda sobre os casos de abuso: “são situações difíceis. É perturbador pensar que alguém sabe de uma criança vivendo uma situação de abuso e não faz nada”. Mariana explicou que o Seminário pretendia dar uma visão ampla da questão: “os palestrantes falam sobre conceituação de abusos, a forma de acompanhamento das denúncias na Justiça e como acontece o atendimento dos casos na cidade de Barueri, no Creas”.
Palestras
Gisele Gobetti, coordenadora do Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual da Faculdade de Medicina da USP, trouxe vários estudos acerca do tema. Destacou que na grande maioria dos casos, o agressor é uma pessoa próxima, principalmente o pai ou padrasto. Em seus estudos, Gisele constatou que 90% dos profissionais já atenderam ao menos um caso de suspeita ou queixa de abuso sexual. Segundo ela, as palavras que as crianças mais citam são raiva e revolta. A psicóloga deixou uma lição para os profissionais envolvidos nestas questões: “normalmente, as crianças dão muitas dicas. O que falta é entendermos essas dicas, já que em geral elas apresentam mudanças de comportamento”.
Luis Roberto Wakim, da 7ª Promotoria de Barueri, abordou o trâmite legal dos casos de violência. “Hoje, os casos chegam à Justiça muitas vezes com pouca informação e com certo atraso. O operador de direito não estudou o ser humano, estudou a norma e por isso existem dificuldades na condução dos casos”, afirmou. O promotor, que trabalha há 13 anos em Barueri, apontou que parcerias são importantes: “me disponho com o CMDCA para ter um calendário de discussão sobre o tema. Entendemos que é uma situação que comove a todos. No entanto, mais que comoção, precisamos de organização e de ação”.
Yula Aparecida Moreira, diretora de Proteção Social Especial da Secretaria de Promoção Social, abordou o trâmite das denúncias de abuso e violência dentro do município. Destacou que o Paefi (Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos) faz a articulação com os serviços da rede. “O Creas faz o acompanhamento psicossocial dos casos, no entanto, não tem caráter investigativo e nem terapêutico.”