A 4ª Vara do Trabalho de Barueri emitiu uma condenação histórica nesta sexta-feira (14), ordenando que Saul Klein, filho do fundador das Casas Bahia, pague uma indenização de R$30 milhões. Ele foi considerado culpado por aliciar mulheres e adolescentes com falsas promessas de trabalho e explorá-las sexualmente, submetendo-as a condições análogas à escravidão (leia mais aqui). Essa condenação representa a maior já registrada no país por tráfico de pessoas. A defesa de Saul tem o direito de recorrer.
O julgamento foi resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho em outubro de 2022. Segundo o órgão, jovens vulneráveis social e economicamente, com idades entre 16 e 21 anos, eram atraídas por promessas de trabalho como modelos. No entanto, elas eram inseridas em um esquema de exploração sexual no sítio de Saul, localizado no interior de São Paulo, e eram obrigadas a manter relações sexuais com o réu, sob forte violência psicológica e vigilância armada.
Documentário
No ano passado, uma série documental produzida pela MOV expôs os relatos de cinco mulheres que denunciaram o empresário Saul Klein, revelando que imóveis em Barueri também eram utilizados no esquema.
Na sentença, a Justiça reconheceu que ficou comprovado, para fins trabalhistas, que o réu mantinha mulheres em condições análogas à escravidão, contratadas para serviços sexuais em seu benefício. O esquema promovido pelo empresário “causou danos irreparáveis às vítimas, ferindo aspectos íntimos da dignidade humana e alterando irreversivelmente o curso de vida de cada uma delas”.
A indenização será destinada a três instituições sem fins lucrativos, conforme determinado pela Justiça.