Rubens Furlan, prefeito de Barueri, falou com exclusividade à reportagem do Jornal de Barueri e afirmou na semana em que a cidade comemorou 72 anos, dia 26, que a pandemia da Covid-19 é o maior desafio enfrentado em sua vida. “Eu sou treinado para resolver problemas de qualquer tamanho. Quando essa curva da pandemia começar a descer e tivermos a metade da demanda que temos hoje, imediatamente estaremos atrás do prejuízo. Digo isso porque tenho projeto para todas as áreas. Depois da pandemia, teremos outra luta, que é a economia, e vamos fazer isso juntos”.
Como tem sido governar Barueri com a pandemia da Covid-19. Esse é o maior desafio da sua gestão?
Este foi o maior desafio da minha vida, não só como homem público. Até porque eu tive a doença e passei dias difíceis. Mas graças a Deus, a gente já vinha cuidando da Saúde do município desde 2017, no meu retorno à prefeitura. Quando assumi, a área estava muito ruim. Havia demora na marcação de consultas, até por conta da demanda que é grande na cidade, e a estrutura estava limitada. Então, a gestão começou a investir pesado, sem saber o que viria. Quando a pandemia da Covid-19 chegou, pegou todos os governantes de surpresa, inclusive nós, mas conseguimos sustentar o primeiro momento, tanto a nossa demanda, quanto a regional, que acabava vindo para cá.
O tempo passou, a curva desceu, e achávamos que estávamos livres, mas de repente, veio uma segunda onda, extremamente agressiva e muito mais letal, e aí, de fato, nos surpreendeu. Rapidamente, nossa demanda acabou sendo maior que a estrutura, começamos a correr atrás, aumentar leitos de UTI e enfermaria para a Covid-19, e com isso, temos conseguido atender a demanda. Não entramos em colapso ainda porque temos uma estrutura de Saúde muito bem organizada, e a cada necessidade, nós adaptamos os equipamentos existentes, como os 53 leitos que vamos criar para atender só o coronavírus no Jardim Silveira, que deve ser entregue na próxima semana.
O senhor acredita que será necessário um hospital de campanha?
Nós não precisamos. Temos muitos prédios, por exemplo, o Centro de Eventos, onde ocorre a campanha de vacinação contra a Covid-19, ali, se for necessário, e se tivermos profissionais e equipamentos, conseguiremos criar uma estrutura adequada. Temos também o Ginásio José Corrêa, é só fazer as divisórias. O PS no Jardim Paulista é outro espaço que foi adaptado com a chegada da doença, e se tornou um hospital de Covid-19. Temos condições para ampliar o atendimento à Covid-19, mas as pessoas não entendem que há dificuldades em encontrar equipamentos, insumos, e principalmente, recursos humanos. Não se compra o que não tem. Então, quem tem dinheiro vai ficar na fila também, até os hospitais particulares estão sem leitos.
O momento é crítico, o governador estendeu a fase emergencial até o dia 11 de abril, haverá lockdown?
Não vou fazer lockdown em Barueri. Cada pessoa que fique em casa e assuma sua responsabilidade diante dessa pandemia. Esse é um momento grave e todos têm de se empenhar em fazer a curva da doença baixar. Reforçamos a fiscalização e entramos nos bairros, as pessoas fazem uma pressão para o retorno, mas não entendem que vivemos um momento crítico e que pode existir mais contaminação e mortes. Se não nos unirmos com um só objetivo, teremos mais mortes. O respeito à vida tem que ser maior.
As pessoas têm demonstrado temor com relação à questão econômica e ao emprego. O que o senhor pode dizer sobre isso?
É claro que entendemos que esse é um momento crítico, essa semana recebi aqui uma comissão de comerciantes que realmente estão com medo desse momento, mas todos precisam entender que vivemos uma pandemia. Eu sou treinado para resolver problemas de qualquer tamanho. Quando essa curva da pandemia começar a descer e tivermos a metade da demanda que temos hoje, imediatamente estaremos atrás do prejuízo. Digo isso porque tenho projeto para todas as áreas. Depois da pandemia, teremos outra luta, que é a da economia. E quem vai nos tirar dessa não é o presidente, serão os governadores, os prefeitos e os bons empresários desse país. Os que se preocupam de fato com o Brasil. As pessoas precisam confiar que quanto mais nos mantivermos isolados neste momento, mais teremos uma recuperação mais rápida do sistema de saúde, com menos óbitos. Queremos voltar ao normal, mas isso vai mais um tempo. Por enquanto, precisamos das garantias das autoridades sanitárias que o retorno pode ser feito com segurança.