Em mais um capítulo das tensões comerciais entre as duas maiores potências do mundo, os Estados Unidos anunciaram em abril de 2025 a elevação de tarifas sobre produtos chineses considerados estratégicos para a economia do futuro. Entre os principais alvos estão veículos elétricos, que agora terão tarifa de importação de 125%, além de baterias de lítio, semicondutores e painéis solares. A medida, segundo o governo americano, busca corrigir distorções causadas por práticas industriais desleais da China.
A decisão americana segue a esteira de medidas anteriores que já haviam elevado tarifas sobre produtos chineses. O presidente Donald Trump afirmou que os EUA agora cobrarão um adicional de 145% em todos os produtos chineses que chegam em seu território.
A resposta de Pequim foi imediata. O Ministério do Comércio da China anunciou novas tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos, incluindo soja, milho e carne suína. Segundo a agência estatal Xinhua, as sanções visam proteger os interesses da economia chinesa diante de atos unilaterais e protecionistas por parte dos EUA.
A guerra tarifária, iniciada em 2018 durante o governo Trump, parecia ter esfriado com a assinatura da chamada Fase 1 do acordo comercial em 2020. No entanto, analistas alertavam desde 2023 que a concorrência nos setores de energia limpa e semicondutores reacenderia a disputa. “Não é só comércio, é uma batalha por liderança tecnológica e domínio geopolítico”, disse o economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz.
O impacto já é sentido nos mercados. A montadora chinesa BYD, que planejava expandir operações nos EUA em 2025, anunciou a suspensão dos planos após a nova tarifa de 125%. Enquanto isso, associações de agricultores americanos alertaram para a perda de competitividade no mercado asiático. “Estamos no centro de uma disputa que pode custar bilhões ao setor agrícola americano”, afirmou o presidente da American Soybean Association, Josh Gackle.
Mesmo diante da retórica agressiva, especialistas defendem que o diálogo ainda é possível. Os Estados Unidos e a China são profundamente interdependentes, e uma ruptura prolongada nas relações comerciais pode trazer consequências negativas para toda a economia global. Organismos como a OMC têm incentivado a retomada das negociações, embora seu poder de mediação esteja limitado pelo atual cenário geopolítico.
Apesar da escalada, Felipe Bernardi Diniz ainda vê espaço para negociações. “O cenário é tenso, mas há canais abertos”. O desafio, segundo ele, será encontrar um equilíbrio entre proteção econômica e compromisso com a agenda climática global.