Nos últimos 12 meses, aproximadamente 24% dos brasileiros – uma em cada quatro pessoas – com mais de 16 anos foram vítimas de crimes cibernéticos, como clonagem de cartões, fraudes na internet e invasões de contas bancárias, resultando em perdas financeiras. Este percentual equivale a mais de 40,85 milhões de pessoas afetadas, conforme pesquisa divulgada, no último estudo, pelo Instituto DataSenado.
Com distribuição praticamente uniforme entre os estados brasileiros, apenas dois deles têm um percentual abaixo de 20%: Ceará (17%) e Piauí (18%).
O instituto investigou variáveis como tamanho do município, situação de domicílio (se urbano ou rural), religião, situação no mercado de trabalho, renda, escolaridade, faixa etária, sexo, cor e raça.
Os resultados mostram a ausência de um perfil claro de alvos dos bandidos, já que as respostas positivas para golpes tentados ou consumados vieram em proporção semelhante às características socioeconômicas da população brasileira.
Um professor universitário de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, foi vítima do “golpe do PIX” dentro de uma agência bancária da cidade. Ele recebeu uma ligação de um golpista que se passou por funcionário da instituição financeira, alertando sobre transações suspeitas em sua conta. Acreditando estar no telefone com um funcionário da instituição financeira, ele fez transações bancárias e empréstimos pelo caixa eletrônico, além de transferências via Pix.
Para o especialista em segurança estratégica e perícia Sandro Christovam Bearare, o uso cada vez mais frequente do celular facilitou a atuação de criminosos especializados nesse tipo de fraude.
“Existem grupos que atuam de forma organizada, utilizando roteiros profissionais e técnicas de engenharia social para convencer até pessoas com mais instrução de que são agentes legítimos de grandes empresas ou instituições financeiras. O celular é hoje uma extensão do corpo das pessoas — praticamente todo mundo tem e faz uso o dia todo. Mais do que criar uma cultura de segurança digital, é fundamental haver maior publicidade sobre esses problemas, além de instruir amigos e familiares para que estejam atentos e saibam se proteger”, explica.
Dicas de segurança digital
O perito em segurança aponta cuidados tecnológicos e comportamentais que podem reduzir a chance de sucesso dos golpistas.
Desconfiar de links recebidos por mensagens: evitar clicar em links enviados por SMS, WhatsApp, e-mail ou redes sociais sem confirmação prévia da autenticidade;
Ativar a autenticação em dois fatores (2FA): adicionar uma camada extra de segurança que exige um segundo código, geralmente enviado para o celular, dificultando o acesso não autorizado;
Manter dispositivos atualizados: realizar atualizações regulares de celulares e computadores para corrigir falhas de segurança;
Evitar acessar contas bancárias em redes Wi-Fi públicas: utilizar redes móveis ou VPNs para operações sensíveis, prevenindo a interceptação de dados;
Instalar antivírus confiável e mantê-lo ativo: proteger os dispositivos contra programas maliciosos e ameaças digitais;
Verificar o endereço de sites antes de realizar compras on-line: certificar-se de que o site é legítimo, observando a presença de “https” e do ícone de cadeado na barra de endereços;
Desativar Bluetooth e localização quando não estiverem em uso: reduzir as possibilidades de acesso não autorizado aos dispositivos;
Revisar permissões dos aplicativos no celular: limitar o acesso de aplicativos a informações desnecessárias, como contatos e localização;
Desconfiar de ligações informando sobre clonagem de cartão: não fornecer dados pessoais ou bancários por telefone; em caso de dúvida, entrar em contato diretamente com a instituição financeira;
Evitar expor dados pessoais nas redes sociais: limitar a divulgação de informações que possam ser utilizadas por golpistas para elaborar fraudes;
Utilizar cartão virtual para compras on-line: gerar cartões temporários para transações na internet, aumentando a segurança;
Configurar alertas no aplicativo do banco: ativar notificações para monitorar transações em tempo real e identificar atividades suspeitas rapidamente.
Sobre Sandro Christovam Bearare
Especialista em Armamento, Perícia e Segurança Estratégica com mais de 15 anos de experiência. Atua também nas áreas de Gestão de Projetos e de Equipes. É autor de artigos e livros sobre ciência das armas e balística, além de prestar consultoria para treinamento de equipes e operações de segurança em situações de risco elevado.