Em 2024, o cenário econômico para empresários brasileiros tem apresentado uma mistura de desafios e oportunidades. Com uma expectativa de crescimento do PIB de 3%, conforme divulgado pelo último relatório Focus do Banco Central, houve um sinal encorajador de expansão. No entanto, para o consultor financeiro Pedro Zava, a realidade tem sido mais complexa.
O consultor afirma que o aumento da taxa Selic para 11,25%, como consequência das políticas de controle do governo sobre a inflação, pode resultar em custos de financiamento elevados, limitando investimentos em expansão e inovação, além de impactar a capacidade de consumo da população no próximo ano.
“No entanto, se a inflação não for controlada o cenário se tornará ainda mais complicado, resultando em preços instáveis que dificultam a projeção de custos e a elaboração de orçamentos”, avalia o consultor, que acumula mais de 18 anos como gestor em grandes empresas do setor financeiro.
Zava afirma que em 2025 as empresas brasileiras devem enfrentar uma série de desafios moldados pelo contexto político e econômico atual, tanto no Brasil quanto nas dinâmicas globais. “A incerteza em torno do cumprimento do pacote de cortes de gastos apresentado pelo governo gera ceticismo no mercado quanto à sustentabilidade dessas políticas”.
“Nesse cenário, será fundamental que as empresas sejam ágeis e resilientes, buscando se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e explorar oportunidades de inovação para garantir sua competitividade e sustentabilidade ao longo do tempo”, completa.
Estratégias para 2025
Para minimizar os impactos negativos dos desafios previstos para o próximo ano, o especialista sugere que as empresas diversifiquem suas fontes para reduzir a dependência de um único fornecedor ou mercado, mitigando riscos associados à volatilidade de preços e mudanças na demanda.
“Explorar novos nichos de mercado, tanto no Brasil quanto internacionalmente, pode trazer oportunidades adicionais. Além disso, é crucial implementar uma gestão rigorosa de custos. Automatização de processos, renegociação de contratos e revisão de despesas fixas podem ajudar a melhorar a eficiência financeira”, defende.
Zava ressalta que investir em inovação e desenvolvimento de produtos pode diferenciar a empresa em um mercado competitivo e contribuir para a fidelização de clientes. “Estabelecer um bom relacionamento pode ajudar as empresas a reter consumidores e entender melhor suas necessidades.”
“Além disso, implementar práticas sustentáveis e responsáveis pode não só melhorar a imagem da empresa, mas também trazer eficiência operacional e redução de custos a longo prazo. Ao adotar essas estratégias, as empresas estarão mais bem preparadas para enfrentar os desafios previstos para 2025”, completa.
No segmento de formação de equipes e times mais eficientes, Zava traz foco para o conceito de gestão humanizada, pois à medida que as empresas enfrentam incertezas fiscais e mudanças nas dinâmicas globais, adotar uma abordagem centrada no ser humano pode ser um diferencial fundamental.
“Esse tipo de gestão prioriza o bem-estar e as necessidades dos colaboradores, registrando-os como indivíduos e não apenas como recursos. Empresas que adotam uma abordagem humanizada tendem a desenvolver uma cultura organizacional positiva, definida por confiança, abertura e colaboração. Essa cultura estimula e retém talentos. A motivação e a produtividade também aumentam, pois quando os colaboradores percebem que suas vozes são ouvidas e suas opiniões relevantes, eles se sentem mais incentivados a desempenhar suas funções com dedicação”, explica.
O consultor evidencia também que esse tipo de gestão pode contribuir para a redução do turnover, um desafio constante para muitas organizações. Ao promover um diálogo aberto, feedback construtivo e oportunidades de crescimento, as empresas podem reter colaboradores que, de outra forma, poderiam buscar novas oportunidades no mercado.
“Investir na formação de líderes empáticos que valorizem a comunicação aberta pode não apenas aumentar a moral da equipe, mas também proporcionar inovação, que é um aspecto crucial em tempos de incertezas e desafios”, complementa.
O uso da tecnologia é outro ponto que já vem sendo destacado por diversos parâmetros de mercado há algum tempo. De acordo com dados recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados pela Agência Brasil, sete em cada dez empresas no país fazem uso de tecnologias digitais diversas.
“A transformação digital tem se intensificado. Empresas que conseguirem alinhar a tecnologia a uma abordagem humanizada estarão melhor posicionadas para prosperar nesse novo cenário”, aposta Zava.