Mistério envolve desaparecimento de menina de 13 anos do Engenho Novo

Dona Sônia sofre com desaparecimento da neta (Foto: Tom Vieira Freitas/Jornal de Barueri)

Há oito dias, a família de Ana Julia Paes, de 13 anos, moradora do bairro Engenho Novo, não tem notícias sobre o seu paradeiro. A menina saiu de casa, durante o amanhecer de sexta-feira (22) e desde então não foi mais vista.

Segundo a tia da desaparecida, Andrea Paes, uma vizinha viu o momento em que a jovem saía de sua residência. Ela carregava a mochila da escola e outra, que possivelmente continha mudas de roupas. Os pais da menina e o seu irmão mais novo, de apenas dois anos, estavam dormindo. Neste dia, não houve aula devido ao jogo do Brasil na Copa do Mundo.

Antes de desaparecer, Ana Julia deixou mensagens no seu status do WhatsApp, onde ameaçava cometer suicídio. Ainda de acordo com a tia da jovem, ela possui histórico de depressão, porém, nunca tinha fugido de casa.

Familiares registraram o BO na Delegacia Central, mas não há nenhuma pista do que pode ter ocorrido com Ana Julia. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) informou que “foi instaurado um Procedimento de Investigação de Desaparecido (PID) pela Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Carapicuíba, que investiga o caso. Diligências estão sendo realizadas para loca- lizar a garota”. Quem tiver alguma informação sobre o paradeiro da menina, deve ligar para 99474-1259 ou 97953-0165.

Números

O drama vivido pela família de Ana Julia não é um caso isolado. Somente entre janeiro e março deste ano, foram registrados 6.106 B.O’s sobre desaparecimento no Estado de São Paulo. Em contrapartida, foram feitos 8.483 registros de encontro de pessoas. Já em 2017, foram registrados 25.200 boletins de desaparecimentos e 23.726 ocorrências de encontro de pessoas.

Ainda de acordo com a SSP, após o registro do B.O de desaparecimento, é aberto um PID, com inserção da fotografia da vítima no site da Polícia Civil, pesquisas no Banco de Dados da instituição e de outros órgãos ou estabelecimentos vinculados que possam auxiliar na localização da pessoa. “As investigações são encerradas somente com o boletim de Encontro de Pessoa. Em caso de indício de crime, apura-se por meio de inquérito policial”, destaca a instituição.

Porém, em consulta ao site mencionado pelo órgão, a reportagem do Jornal de Barueri constatou que a ferramenta se encontra inapta.

Descaso

Segundo Sandra Moreno, fundadora do Instituto Ana Paula Moreno (Ímpar), de Carapicuíba, voltado para a causa da divulgação de casos de desaparecimento, há um grande descaso por parte da polícia em ocorrências desse tipo, que por lei, não constituem em crimes. “Quando é um caso de desaparecimento que gera comoção, que nem foi infelizmente o da menina Gabrielle, em Araçariguama, que existia desde o começo uma dúvida ou um questionamento de que seria um homicídio, e a imprensa cai em cima, a polícia faz o trabalho dela. Mas passando disso, daquilo que se enquadra em buscas imediatas, de adultos normais, se faz um Boletim de Ocorrência, ponto e basta”, lamentou.

De acordo com o levantamento feito pelo Instituto Ímpar de janeiro de 2010 a 9 de maio de 2016, foram registrados 6.482 desaparecimentos de pessoas da região, na Delegacia Seccional de Carapicuíba.