Vencedor do Prêmio Shell de Melhor Ator do Ano, e comemorando 61 anos de carreira, Fulvio Stefanini sobe ao palco do Teatro Municipal de Barueri (TMB) neste domingo (6), às 19h, com o espetáculo “O Pai”, que retrata, com humor, a complicada convivência entre pai e filha. O premiado e emocionante texto do francês Florian Zeller apresenta Fulvio no papel do velho pai que, entre lapsos de memória e rabugices, vê o tempo transformar suas relações familiares. Na “vida real”, Fulvio adora viajar e conhecer outras culuturas e sonha fazer um espetáculo com os dois filhos atores, Léo e Fulvio Filho. “Se der certo, será o céu”, diz.
Você celebra 61 anos de carreira neste ano. Quando olha para trás o que enxerga?
Em seis décadas, surgem muitas mudanças. O adolescente cheio de sonhos deu lugar a um adulto com uma visão mais clara da realidade, vencendo barreiras, enfrentado problemas, as inevitáveis inseguranças, enfim, as intempéries que enfrentamos ao longo de nossa vida. Valeu a pena? Claro que sim. O ator amadureceu, enfrentou sucessos e fracassos, mas o mais importante nessa trajetória foi o que me motivou sempre: a paixão pelo que faço. Quanto ao resto, pouco mudou. Sou a mesma pessoa só que agora, com uma dorzinha na coluna outra no joelho e assim vamos.
E quanto ao futuro, quais os projetos?
Este é o projeto do momento, o espetáculo “O Pai”. Os próximos não sei. Tenho um filme para fazer e uma outra peça, uma comédia, que conta a história de um casal que volta ao hotel em Roma para reviver a lua de mel que passaram ali. No mais, gostaria de fazer um espetáculo com meus dois filhos, Léo e Fulvio Filho, que são atores. Se der certo, será o céu.
O que o motivou a ser um ator? Como foi seu início?
Uma enorme vontade de representar. Desde o início, senti que esse era o meu caminho e o tempo mostrou que eu não estava enganado. Acho que não saberia fazer outra coisa.
Você acompanhou a evolução da televisão brasileira, que avaliação faz desse período? Como vê a TV hoje?
Passei por todas as fases da televisão. A evolução foi imensa no aspecto tecnológico, mas hoje a televisão deixa a desejar quanto ao conteúdo. A dramaturgia visa a audiência e raramente propõe temas polêmicos que suscitem discussões e questionamentos mais profundos. Se focarmos unicamente o entretenimento, ela até cumpre seu papel, mas não se espere muito mais do que isso. Já o telejornalismo é de importância fundamental. Não sei se teríamos a Lava Jato e todos os seus desdobramentos sem um jornalismo investigativo e isento. O bom jornalismo faz o país crescer. Estamos no fundo do poço, mas futuramente iremos lembrar deste momento que, espero, seja muito positivo para o Brasil.
O teatro continua sendo solo sagrado?
Acho que sim, embora me sinta à vontade em outras formas de comunicação. Domino muito bem a linguagem de televisão, onde iniciei a minha carreira. Ela faz parte de minha vida profissional.
Quando não está atuando, qual outro grande prazer?
Sempre gostei muito de viajar, conhecer outros países e sua cultura. Quando posso, dou uma fugida.
Fale um pouco sobre o espetáculo O Pai, qual é o mote?
Com certeza, os espectadores vão ver um espetáculo humano, verdadeiro e muito comovente, com bons momentos de humor. A peça faz muito sucesso no mundo inteiro e já ganhou muitos prêmios em diversos países. No Brasil, tive a honra de ser agraciado com o prêmio mais importante do teatro que é o Prêmio Shell. Levei o troféu de melhor ator do ano e o espetáculo ganhou o prêmio Aplauso de melhor espetáculo do ano graças à direção de meu filho Léo Stefanini. Sá falta agora encontrar a população de Barueri no teatro para uma deliciosa noite de celebração. Até lá.